Altemir Hausmann de Estrela-RS
Com as mãos esbranquiçadas pelo trabalho com fibra de vidro, vestindo bermuda, camiseta e chinelos, Altemir Hausmann recebeu Zero Hora em sua casa, em Estrela, no Vale do Taquari. Não fosse a mala no chão do quarto, à espera das roupas para mais uma viagem a trabalho, o árbitro assistente da Fifa já demonstrava sinais da aposentadoria dos gramados.
Mas o fim da carreira que o levou a duas Copas do Mundo - uma como suplente -, 10 Libertadores e um total de quase mil jogos arbitrados (o próximo será amanhã, Figueirense x Botafogo, pela Copa do Brasil) só deve acontecer no final do ano, quando completa a idade limite estabelecida pela Fifa, de 45 anos.
Enquanto não aposenta a bandeirinha, Hausmann, que foi eleito melhor assistente do Brasileirão do ano passado, intercala a arbitragem com o trabalho na própria empresa, instalada nos fundos de casa, e a gerência de uma escolinha de futebol na cidade onde vive.
O que não deve mudar, tanto na profissão quanto na vida pessoal, na educação dos dois filhos, é o jeito de "gaúcho grosso do Interior", como ele mesmo diz. O rigor com que encara as regras e as decisões dentro de campo já o transformaram em protagonista de diversas partidas e lhe renderam o apelido de Seu Lunga - personagem do folclore nordestino conhecido pela falta de paciência e intransigência.
De episódios pitorescos, como quando demarcou uma meia-lua com spray no gramado, a polêmicas com jogadores, como no jogo em que disse "Deus é justo" para André Lima após uma lesão do centroavante, o certo é que Altemir deixou o seu legado no futebol.
Início quase por acaso:
Após terminar o Ginásio e prestar o serviço militar, o jovem estrelense Altemir Hausmann se viu tendo que decidir o que fazer da vida. E a escolha foi meio por acaso. Um tio que era árbitro organizava um campeonato interno da Corsan e o chamou para substituir um juiz que faltou. Altemir gostou tanto que decidiu fazer o curso de arbitragem e no mesmo ano se formou. Habilitado para atuar tanto como árbitro quanto assistente, Altemir chegou a se arriscar com o apito em partidas amadoras, mas foi seduzido pela linha de impedimento. “Sou perfeccionista em tudo. Tenho uma fábrica de peças em fibra de vidro. Não posso errar um centímetro sequer. O impedimento é igual, um desafio, uma busca”, filosofa.
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