sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cervejaria Estrela com problemas de abastecimento de água em 1938



Cervejaria Estrela – Problemas com abastecimento de água em 1938
Texto: Airton Engster dos Santos

A fábrica de cervejas e bebidas sem álcool Estrela, da Viúva de Luiz I. Müssnich manifestou preocupação junto a Prefeitura com relação ao abastecimento de água no município no dia 13 de setembro de 1938.
Acontece que seu falecido marido mandou construir em terreno de sua propriedade, na Rua Geraldo Pereira, um poço artesiano para abastecimento de água de sua propriedade e principalmente para fábrica de cervejas em 1927.
Em 1934, a Prefeitura Municipal mandou perfurar outro poço artesiano próximo a sua propriedade, que atingiu o mesmo lençol freático do Poço da Fábrica de Bebidas, diminuindo desta forma seu volume.
Tal situação prejudicou grandemente a fábrica, visto que a água produzida pelo poço da empresa não mais podia satisfazer as necessidades da mesma.
A proprietária solicitou então à Prefeitura para reconhecer as dificuldades da empresa e autorizar a ligação hidráulica de um cano no poço do município a fim de abastecer a fábrica de cervejas. Pediu ainda para o fornecimento de a água ser de forma gratuita por tratar-se de um direito e justiça, no que não concordou o então prefeito Edmundo Alfredo Steyer.
Mais tarde novos poços artesianos foram abertos e os problemas no abastecimento de água foram solucionados, tanto para população como da Cervejaria Estrela.
Nesta época muitas famílias no município de Estrela, ainda tinham poços próprios ou cisternas que captavam água da chuva para abastecimento das habitações.

Texto: Airton Engster dos Santos


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Rádio Alto Taquari - Uma vida a serviço da comunidade







Rádio Alto Taquari - Uma vida a serviço da comunidade

Pesquisa e texto: Airton Engster dos Santos

Em 10 de julho de 1948, na presença de autoridades municipais e estaduais, inaugurava-se a pioneira emissora Rádio Alto Taquari de Estrela. A primeira no Vale do Taquari. 

O projeto foi idealizado por Arnaldo Ballvé, juntamente com empreendedor, Adão Henrique Fett, mesmo sendo pequena a comunidade com poucos receptores de rádio. 

Os estúdios da Rádio Alto Taquari, funcionavam inicialmente nos altos do prédio da Importadora Alto Taquari de propriedade de Adão Henrique Fett, transferindo-se na década de 60 para o Abrigo Municipal, localizado na praça Menna Barreto. Desde 1974, a Rádio operava no 2º andar do Edifício Princesa, na Rua Fernando Abott, no centro do município. 

O parque dos transmissores funcionou inicialmente no moro do Colégio Martin Luther. Em 1972 a emissora adquiriu uma área na chacrinha em Arroio do Ouro, onde ficou instalada a antena. Um prédio no local abriga os transmissores. 

A Rádio Alto Taquari, teve ao longo de sua história três prefixos ZYN 9, ZYH 81 e ZYK 241. A potência da emisora também teve uma evolução constante 100 watts, 250 watts, 1.000 watts e 5.000 watts. 

Alguns nomes fizeram e fazem parte da história dessa emissora: Paulo Amaro Salgado, que, na condição de Diretor do Grupo Emissoras Reunidas, teve importante participação no momento de decidir pelo Município de Estrela para a instalação da Rádio, da qual veio a ser o primeiro gerente. 

Os primeiros locutores esportivos da Rádio foram Afonso Reis e Oscar Chaves Garcia – pai do jornalista da Rede Globo Alexandre Garcia. Foi Oscar Chaves Garcia que recuperou as tradições germânicas dos bailes de kerb na região, das gildas e dos gols espichados. 

Ataíde Ferreira, grande locutor e excelente cantor. Apresentou, em parceria com Antonio Carlos Porto, o primeiro programa de auditório, que se chamava Bazar de Novidades, que ia ao ar após as missas de domingo, lotando as dependências da Rádio. O programa lançou muitos artistas locais, e Ataíde Ferreira ocupou, depois, por longo período, o cargo de gerente da emissora. 

Antônio Carlos Porto, grande comunicador, construiu sua sólida reputação com trabalho sério e competente. Fez sucesso na Rádio Alto Taquari, transferindo-se depois para Porto Alegre. Adolfo Ziebell, gerente e músico, deu início às danças tradicionais do Festival do Chucrute na década de 60. 

Da equipe do rádio-teatro participaram Eunice Lopes, Miss Estrela e Vale do Taquari; Neli Lenhardt, também produtora de programas da Rádio; e Beatriz Porto, irmã de Antônio Carlos Porto. 

Grandes locutores, que abrilhantaram o quadro da emissora, Petrônio Cabral, Sérgio Zambiasi, João Carlos Terlera, Walmor Bergesch, Érico Sauer, Odone Neves, Renato Paz, Adauto Azevedo e Gerson Teixeira. Outros nomes que passaram pela emissora e ligados a comunicação no Vale do Taquari: Oswaldo Carlos van Leeuwen, hoje, consagrado empresário, é proprietário do Jornal O Informativo do Vale. Também o jornalista Paulo Roberto Pochmann de Quevedo, Diretor e Editor do conceituado Jornal Folha de Estrela. 

Gerentes com excelente atuação pode-se destacar os Srs. Waldir Sudbrack, Vilmar Borges de Quevedo, Luiz Alberto Vargas, Silva Filho, Luiz Carlos Freitag e Lauro Schmitt, além de outros profissionais. 

Preservando as tradições dos colonizadores, a Rádio Alto Taquari sempre se destacou por promover, além de uma programação de alto nível, grandes eventos sociais, esportivos e culturais, valorizando os artistas locais e promovendo a integração da comunidade. 

Programas de auditório, shows, Festa de Maio – Femai, com apoio do Município, grande exposição, feira, com centenas de expositores e atrações especiais, comemorativa ao aniversário de Estrela. Concursos de beleza, como a Rainha das Praias do Taquari e o Baile das Debutantes, mais tarde assumido pela Soges, o Festival da Criança, e ainda, Chegada do Papai Noel, são exemplos de alguns eventos já promovidos pela Rádio. 

O apoio às promoções de outras entidades em acontecimentos esportivos, bailes especiais, noite de cultura, comemorações cívicas e exposições, comprova a integração, a harmonia, a sintonia existente entre a emissora e a comunidade do Vale do Taquari. 

Contava com uma equipe de profissionais de altíssimo nível, que atuava com entusiasmo e competência, registrando fatos e acontecimentos da Região e levando ao ouvinte musica, esporte e informação. Os profissionais dessa emissora estavam sempre atentos aos anseios da comunidade. 

Funcionários da Rádio Alto Taquari em 2008: Alice Dannebrock, Alexandre Zeilmann Weissheimer, Alexandre Norberto Engster dos Santos, Clori Antônio Borges, Fernando Joriz, João Pedro Stacke, Joilson Marcelo Pereira, Lauro Evaldo Schmitt, Luis Alberto Ruschel, Luis Fernado Wagner, Marlize Pletsch, Patrícia Hoss, Silvia Maria Vargas, Taís Cristina Pinheiro, Tiago Fabrício Cardoso, Inácio Antônio Schmitt e Jonas Klein. 

Fundador da Rádio Alto Taquari: 

Conversamos com o casal, Sr. Rubem Ruschel que foi subprefeito do distrito sede de Estrela e Sra. Eva Fett Ruschel, filha de Adão Henrique Fett, fundador da Rádio Alto Taquari conjuntamente com Arnaldo Balvé. Fomos gentilmente recebidos no escritório da família Ruschel, localizado no Centro de Estrela, quando relembramos a trajetória do dinâmico ex-prefeito: 

Adão Henrique Fett foi prefeito de Estrela, em dois mandatos (1951-1955 e 1963-1969), deputado estadual eleito suplente em 1958 assume vaga de titular no ano de 1960 em substituição a Manoel Braga Gastal. Fett foi também empresário no Vale do Taquari, nascido em 12 de agosto de 1904, em Bom Retiro do Sul, filho de Jorge Fett e Paulina Arnt. Faleceu em 22 de outubro de 1984, sepultado no Cemitério Evangélico de Estrela junto com sua esposa Darcyla Einloft Fett. 

Com apenas 18 anos de idade, Adão Fett foi ao Rio de Janeiro assistir os festejos do centenário da Independência do Brasil. No mesmo dia das comemorações foi oficialmente inaugurada a sete de Setembro de 1922 a primeira rádio do Brasil, "Rádio Sociedade do Rio de Janeiro". 

Com um transmissor de 500 watts, da Westinghouse, no alto do Corcovado - RJ, para 80 recepts. O primeiro programa foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa. A Instalação de fato aconteceu aos 20 de Abril de 1923 com Roquete Pinto e Henry Morize. 

Adão Henrique Fett não teve dúvidas, motivado pelos acontecimentos no Rio de Janeiro aprendeu os rudimentos de comunicação por rádio, e foi pioneiro como radioamador no Vale do Taquari. Foi o primeiro a montar aparelhos receptores de rádio. 

Em 1941, por ocasião da maior enchente já verificada no Rio Taquari, Adão Henrique Fett, passava as informações da região para defesa civil estadual através do Rádio Amador PY 3IL. 

Nesta época Fett fez grande amizade com Arnaldo Balvé, que também era radioamador e proprietário da rede de rádios Reunidas. Inclusive Balvé viria a tornar-se padrinho de casamento de Eva Fett Ruschel. 

Em 1948 resolveram criar a Rádio Alto Taquari de Estrela. As dificuldades eram enormes. Adão Fett providenciou tudo, antena e local para estúdio junto ao prédio da Importadora Alto Taquari. 

A estação de rádio estava instalada, agora havia mais um obstáculo a ser superado: A população não tinha receptor de rádio. Adão Henrique Fett mandou confeccionar 2.000 aparelhos dos afamados rádios CLIPPER, já tão conhecidos no Brasil, fabricados por Assumpção S.A., em São Paulo. 

Mas havia outro problema maior ainda, a energia elétrica era pouca para funcionamento dos rádios. As redes elétricas não alcançavam a maioria das residências. Lá foi Adão Henrique Fett providenciar cata-ventos para carregar baterias que serviram para alimentar os rádios. A partir de 1951, como prefeito investiu na produção de energia na Cascata de Santa Rita. 

D. Eva Fett lembra que muitas pessoas informavam por carta sobre o recebimento do sinal das ondas da Rádio Alto Taquari. Nos dias de aniversário da Rádio aconteciam grandes festividades. D. Eva disse que a fundação da Rádio Alto Taquari foi um marco para toda região. Falou dos comunicadores Oscar Chaves Garcia, Ataíde Ferreira e Talo Porto com grande desempenho nos microfones da emissora. Destaca outros membros da primeira equipe da Rádio: Maria Silvia Schütz, Rovena Chilardi, Geraldo Fonseca e Telmo Gastão Fischer. Todos iniciaram em julho de 1948. Na festa de 1968, por ocasião do 20° aniversário da Rádio Alto Taquari de Estrela, Frederico Arnaldo Balvé foi homenageado. Neste mesmo dia a Rádio recebeu título de ‘Utilidade Pública” em solenidade realizada na Câmara Municipal de Vereadores. 

O Sr. Rubem Ruschel destaca os desafios para produção de energia quando Adão Henrique Fett como prefeito investiu dois milhões de cruzeiros e estendeu rede elétrica até o distrito de Roca Sales, naquela época território de Estrela. 

Homenagem 

Prefeito Adão Henrique Fett – Nome da ponte sobre o Arroio Estrela, com acesso ao Bairro Centro pela Avenida Rio Branco e Coronel Müssnich e nome de rua no Loteamento Popular III. Arnaldo Balvé - Nome de rua em Estrela, no Bairro dos Estados. 

Profissionais de Soledade: Zambiasi, Lauro Schmitt e Reichembach: 

No início da década de 1970, Vilmar Borges de Quevedo, foi buscar na Rádio Cristal de Soledade-RS três profissionais que fizeram história na Rádio Alto Taquari. Na ordem vieram João Antônio Reichembach, Sérgio Pedro Zambiasi e Lauro Evaldo Schmitt. Em soledade os três jovens já tinham iniciado juntos na carreira de comunicares. Na medida em que foram cumprindo o Serviço Militar vieram para Estrela. 

Sérgio Zambiasi, hoje Senador pelo Rio Grande do Sul, chegou a Rádio Alto Taquari em 1971. Afirma que Estrela foi um marco especial em sua vida. “Tenho uma história íntima e muito próxima do povo de Estrela. O cara que foi acolhido na Rádio Alto Taquari hoje é Senador da República. Deixei minha história em Estrela para buscar novos horizontes em Porto Alegre. Vim de Soledade, trabalhei com o Lauro, com o Luca na Rádio de Estrela. Morava na Pensão da Vava”. Disse em 2004, quando esteve em Estrela para compromissos como Senador: “Vocês são responsáveis por eu ser Senador... primeiro me acolheram na Rádio Alto Taquari, depois votaram em mim maciçamente para Senador”. Estava emocionado. 

Lauro Evaldo Schmitt, iniciou em 1972 suas atividades na Rádio Alto Taquari. Chegou a gerencia. Lauro é o mais antigo profissional da Rádio com 36 anos de serviços prestados. Apresenta o programa Realidade e Rádio Jornal do Vale ao meio dia. Recebeu o título de Cidadão Estrelense e mais recentemente título de Cidadão de Imigrantense. Lauro fala com saudade da época em que Quevedo foi buscá-los em Soledade. “Chegamos muito jovens a Estrela, mas fomos bem acolhidos. Aqui casei, constitui família e sou feliz”. Lauro conhece de cor a história da emissora. Lembra que Reichembach e Zambiasi que chegaram um ano antes. Amigo de Zambiasi disse que o mesmo é muito competente e ganha ouvintes pela forma interessada como trata os diversos assuntos que dizem respeito à cidadania. “Ele sempre foi assim... É o rei do estúdio, finaliza Lauro”. 

Equipe Esportiva da Rádio Alto Taquari 
Emoção nos gramados e ginásios... 

A pioneira rádio do Vale do Taquari, sempre acompanhou de perto o futebol regional e principalmente os campeonatos amadores e a trajetória do Estrela-FC, desde os tempos em que surgiu a emissora em 1948. 

A equipe esportiva "Show de Bola" narrou e comentou os mais marcantes fatos esportivos da cidade como a participação do Estrela FC na primeira divisão do futebol do Rio Grande do Sul, na década de 1970 ou na segunda divisão do certame Gaúcho nos anos subseqüentes. 

Também deu cobertura e incentivou outras competições ao longo dos anos, principalmente promovidas pela LEFA - Liga Estrelense de Futebol Amador ou de clubes sociais como SOGES e Sociedade Rio Branco, principalmente futebol-sete ou salão. 

Também transmitiu finais de campeonatos como o Gaúcho, entre Grêmio x Juventude em 2007; Internacional x Juventude em 2008; as finais da Copa Libertadores da América de 2006 entre São Paulo e Internacional; entre Grêmio x Boca Junior em 2007. Transmitiu inclusive alguns jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol. 

Transmitiu de forma ao vivo (direto dos ginásios) os Campeonatos Brasileiro e Gaúcho de Basquetebol. 

Alexandre dos Santos, membro da Equipe de esportes da Rádio Alto Taquari, lembra que ao longo dessa história esportiva da rádio, nomes consagrados passaram pelos microfones da emissora como Antônio Carlos Porto, Afonso Reis, Luiz Carlos Freitag, Oscar Chaves Garcia e Érico Sauer, dentre muitos outros. Ressalta também colegas que atuaram nas jornadas esportivas nos últimos anos como Adauto de Azevedo, Clori Borges, Gerson Teixeira, Paulo Tavares, Luis Fernando Wagner, Paulo Finck e Verner Dahmer (falecido em acidente de trânsito) além da equipe técnica: Inácio Antônio Schmitt e Anderson Pereira da Silva. 

Alexandre disse ainda que "Em nome dos antigos companheiros, agradeço pelo carinho que nos foi dispensado no longo desses anos, obrigado". 

Morte trágica de radialista 

Talvez um dos momentos mais difíceis para Rádio Alto Taquari foi o acidente que vitimou o Comunicador Verner Dahmer. O radialista da Rádio Alto Taquari, de Estrela, morreu em 04 de janeiro de 2008, num acidente de trânsito no quilômetro 46 da RS-129, na estrada que liga Estrela a Colinas. Dahmer dirigia o Gol placas AKL-4146, unidade móvel da rádio, no sentido Colinas-Estrela, quando perdeu o controle da direção e chocou-se de frente com o caminhão placas IMY-7345, de Colinas, dirigido por Nélson Gattermann (56). Chovia no momento do acidente e Verner não conseguiu controlar o carro. Deixou a esposa Rose e dois filhos. Ele foi enterrado em Westfália.
O radialista estava há seis anos na Rádio Alto Taquari. Ele apresentava três programas na Emissora: Alegria 820, durante a semana, das 16h às 18h30min; Domingo em Festa, aos domingos, das 6h às 7h; e Alto Taquari Faz a Festa, também aos domingos, das 11h às 13h. Ele ainda costumava cobrir jogos de futebol para a Rádio Alto Taquari e animar bailes da terceira idade. 

Hoje a Rádio Alto Taquari não existe mais, foi adquirida pelo Grupo Independente de Lajeado, e funciona com o nome de Rádio do Vale, mas como AM 820. 

Pesquisa e texto: Airton Engster dos Santos 

Referência: 
Rádio Alto Taquari ZYK 241 – 820 Khz – 40 anos – Editado em 1988, 
Grande Expediente Assembléia Legislativa RS – 2003 – Rádio Alto Taquari – 55 anos, 
Diálogos com Rubem e Eva Fett Ruschel, Sérgio Zambiasi, Lauro Evaldo Schmitt e Alexandre dos Santos. 
Imagens: Aepan-ONG

Lothar Hessel - O Município de Estrela – História e Crônica


Professor Lothar Hessel

Lothar Hessel
O Município de Estrela – História e Crônica

Desde que li a obra de Lothar Hessel “O Município de Estrela – História e Crônica”, editado em 1983, fiquei maravilhado com a riqueza de detalhes e informações, incluindo dados e curiosidades que o livro apresenta em suas páginas repletas de emoções em cada passagem.

Guardo com muito carinho o livro que recebi de presente do ex-prefeito Gabriel Aloísio Mallmann que serve como fonte de pesquisas constantes para mim e meus familiares.

Em 16 de maio de 2005 tive a honra de conhecer pessoalmente o historiador Lothar Hessel. Juntamente com outros dois amigos fomos a Porto Alegre para buscar o Professor que recebeu naquele dia a Título de Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Vereadores.

Foi um momento de grande emoção, viajar mais de 100 Km ao lado do historiador que desde 30 de outubro de 1964, era membro da Academia Rio-Grandense de Letras, a qual presidiu de 1972 a 1974.

Imediatamente estabeleci um diálogo com Lothar Hessel que nos contou sobre as dificuldades para montagem do seu livro que foi encomendado e incentivado no mandato do ex-prefeito Hélio Musskopf, mas que foi editado no início do segundo mandato de Gabriel Aloísio Mallmann em 1983. Inclusive nos falou sobre as dificuldades econômicas para editar o Livro. Recorreu a alguns amigos e instituições para conseguir concluir o projeto.

O professor Lothar que era Diplomado em Letras Neolatinas pela Faculdade de Filosofia da Ufrgs, em 1951, no ano seguinte. Fez curso de especialização nas Universidades de Santiago do Chile, em 1953, e de Madrid, em 1958-1959, parecia muito lúcido apesar dos seus 90 anos de idade, apenas com alguma dificuldade para se locomover. Perguntado sobre sua condição excepcional, nos disse não haver segredo: “alimentação saudável e sono, é muito importante dormir a noite” afirmou.

Falou com saudades do tempo em que trabalhou na Livraria do Globo, atuando na seção de Dicionários e Enciclopédias (1944-1947). Em 1975 colaborou com centenas de verbetes para o Novo Dicionário Aurélio (Aurelião), de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (Rio, Ed. Nova Fronteira).

Outros livros publicados por Lothar Hessel: O teatro jesuítico no Brasil (1972); O teatro no Brasil da Colônia à Regência (1974); O teatro no Brasil sob Dom Pedro II (1979); O Partenon Literário e Sua Obra (1976); Teatro no Rio Grande do Sul (1998); O Município de Estrela - História e Crônica, em 1983 e reeditado em 2004; O Teatro no Brasil sob Dom Pedro II (1986); CIPEL. 20 Anos de Pesquisas (1987); Momentos Culturais Sul-Rio-Grandenses (1990), Europeus vistos de perto - 1966, em 1994, e O Município de Imigrante - Registros e Memórias, em 1998.

O professor Hessel também era membro do Instituto Histórico de São Leopoldo, desde 1976, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, desde 1984, e do Instituto Histórico e Geográfico do Vale do Taquari, desde 1999.

No final da viagem, já em Estrela o ex-professor da Ufrgs e da Unisinos autografou o livro que há muito tempo eu guardava com desvelo. Escreveu a seguinte dedicatória: Para: Airton Engster dos Santos, com amizade nova de Lothar Hessel... Estrela, 16 de maio de 2005.

Infelizmente o ilustre filho de Estrela Lothar Francisco Hessel, nascido em 31 de março de 1915, e que percorreu diversos países da América do Sul e da Europa realizando conferências e colaborando com periódicos editoriais faleceu no dia 24 de agosto de 2007.

Texto: Airton Engster dos Santos
Fonte de dados: Lothar Hessel e Clipagem Aepan-ONG

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Construção do Hospital Estrela-RS



A Construção do Hospital Estrela-RS 

Versão descrita na Poliantéia Comemorativa do 75º Aniversário da Chegada das Irmãs Franciscanas ao Rio Grande do Sul - 1872-1947 – Documento do Acervo da Aepan-ONG. 

Texto na Integra: 

Com toda a razão afiguram-se-nos muito amigos Santo Antônio e Santa Teresinha, já que ambos dedicaram intenso amor ao querido Menino Jesus. 

Santo Antônio, zeloso Padroeiro de Estrela, vendo a miséria em que jaziam os pobres doentes por falta de um hospital provavelmente dirigira-se a Santa Teresinha, pedindo fosse a sua auxiliar, a que Santa Teresinha prontamente anuiu. 

Para ter-se a idéia da necessidade urgente de um hospital, abria-se a crônica, onde se lê que uma menina interna, atacada de apendicite teve de ser operada na lavanderia do Colégio Santo Antônio. Três imãs depois de operadas foram transportadas em padiola para casa. Pessoas vindas do interior eram tratadas em hotel. 

Há muito o povo estrelense, juntamente com o Rev. Padres Jesuítas da paróquia tinham se dirigido a superioras das Franciscanas, pedindo irmãs para um hospital. O Revmo.p. Hilleshein, sucessor dos Jesuítas, renovou o pedido. 

Formou-se então uma comissão de pessoas representativas da Vila que, com grande interesse, se dedicaram à realização do plano. Doaram um terreno no valor de Cr$ 18.000,00, situado em lugar aprazível. Também o Governo Municipal auxiliou generosamente essa obra importantíssima. 

Grande foi o contentamento do povo, quando viu coroados seus esforços e elevar-se a construção tão sonhada, que ficou concluída em princípio de 1929. O novo hospital corresponde às exigências da higiene moderna. Em fevereiro vieram as primeiras irmãs, destinadas a formar uma nova comunidade, sendo que nos primeiros meses moraram no Colégio Santo Antônio. 

No dia 12 de abril, pela primeira vez, celebrou-se o grande mistério do Sacrifício da Cruz na capelinha. 

Com que prazer os habitantes da Vila e arredores se prepararam para festa de inauguração que se realizou num domingo ensolarado de 14 de abril. Todos de alguma forma tinham colaborado com suas posses, como diziam com justo orgulho, “O Nosso Hospital”. 

Concluída a Santa Missa, o povo em massa, dirigiu-se jubiloso para o hospital e ouviu os discursos no balcão adjacente. Depois de abertas as portas, tiveram o prazer de admirar as instalações. 

Uma quermesse organizada no mesmo lugar produziu ainda bom lucro em benefício da nova casa de caridade. 

Santa Teresinha, padroeira do Hospital Estrelense, fez timbre de sua proteção. Continuamente derrama rosas de graças sobre sua casa. 

Em 1933, colocou-se-lhe ao lado a grande Santa Isabel, eleita Padroeira do Isolamento. 

O número de doentes que procuram alívio neste estabelecimento aumenta de ano a ano. Acusava a crônica inicialmente, um movimento de 400 a 500 doentes por ano, número que presentemente (1947) se elevou a 1.000. 

Grande consolação para as irmãs é as graças que Deus derrama sobre as almas dos enfermos. 

Muitíssimos voltam para suas casas não só curados corporalmente, mas também com a alma regenerada, dispostos a servir a Deus. Quantos pecadores acharam na última hora, o caminho para o salvador, seu único e verdadeiro bem. 

Pesquisa: Airton Engster dos Santos 
Fonte: Poliantéia Comemorativa do 75º Aniversário da Chegada das Irmãs Franciscanas ao Rio Grande do Sul - 1872-1947

terça-feira, 26 de junho de 2012

Fabricação de cerveja em Estrela: Uma história de amor, tradição, grandes negócios e problemas sociais...



Fabricação de cerveja em Estrela: 
Uma história de amor, tradição, grandes negócios e problemas sociais... 

No Brasil a cerveja demorou a chegar, pois os portugueses temiam perder o filão da venda de seus vinhos. A cerveja chegou ao Brasil em 1808 trazido pela família real portuguesa de mudança para o então Brasil colônia. Consta que o rei, apreciador inveterado de cerveja, não podia ficar sem consumir a bebida. 

Até o final da década de 1830, a cachaça era a bebida alcoólica mais popular do País. Além dela, eram importados licores da França e vinhos de Portugal, especialmente para atender à nobreza. Nesse período a cerveja já era produzida, mas num processo caseiro realizado por famílias de imigrantes para o seu consumo. 

Assim começa a história da cerveja no Brasil, e a cada dia surgem novos dados e informações que vão se agregando as já conhecidas. Mas o que nos propomos na verdade é escrever um pouco sobre a história da cerveja em Estrela. Falar da nossa história bem mais próxima enquanto os negociadores, empreendedores e poder público, cumprindo seu papel, se encarregam do que sobrou da cervejaria Antarctica/Polar. 

A nossa cervejaria foi fundada em 10 de outubro de 1912 sob o nome de “Sociedade em Comandita Júlio Diehl & Cia”. A 20 de outubro de 1912 reuniram-se os fundadores da firma, para procederem a 1ª chamada de capital. A 22 de outubro era feito o primeiro depósito no extinto Banco Pelotense. A 24 de outubro, eram adquiridos, de Ruschel e Irmãos 3 terrenos, no valor de então “Quatro Contos de Réis”, conforme escritura feita pelo então notário Adolfo M. Ribeiro. A empresa Júlio Diehl & Cia foi oficialmente registrada a 16 de abril de 1914. A cerveja Aurora foi uma das primeiras marcas da empresa. 

Mais tarde, a cervejaria passou a denominar-se Kortz, Dexheimer & Cia, tendo como sucessor Luiz I. Mussnich. Após seu falecimento passou a denominar-se Viúva Luiz I. Mussnich. Já em 1945, sob a razão social de Cervejaria Estrela S/A, a empresa foi incorporada por um grupo de santa-cruzenses, tendo como incentivador o Senhor Jean Hanquet. Neste ano a cervejaria passa a denominar-se Polar S/A. 

No ano de seu cinqüentenário (1962) a empresa exibia comercial da cerveja marca “Casco Escuro” com o slogan: “Polar criou, a nação inteira consagrou” ou “A cerveja mais cerveja do Brasil”. Nesta época era produzida ainda a cerveja Polar Chopp em garrafa ou barril lançada em 1957, Guaraná Frisante, Água Estrela, Soda Laranja, Gasosa Cristal e Água Tônica. No ano do Jubileu de Ouro a cervejaria de Estrela tinha como Gerente o Sr. Odilo A. Thomé, Assistente de Diretoria o Sr. Flávio Jaeger e Ispetores de vendas os Srs. Armindo Scheibe, Oscar Chaves Garcia e José Valeriano Moraes. Técnicos Petar e Dragutin Hirtenkauf. Administração Comercial de Arnaldo J. Diel. Nesta época a empresa procedeu a embarques para Ceara e Maranhão entre outros estados do Brasil. Em 1962 os impostos recolhidos pela cervejaria foram de CR$ 70.000,000,00 (setenta milhões de cruzeiros).

Em 1968 a Cervejaria Polar, administrada por Arnaldo J. Diel, era responsável por 60% de todos os impostos de Estrela, que nesta época tornava-se o décimo município em arrecadação.

Em 1972 a Polar S/A é adquirida pelo Grupo Antarctica Paulista e a partir desta data recebeu grandes incentivos do município como doação de áreas de terras em 1973 e 1987. Empregava em torno de 800 cervejeiros. 

Em 1995 triplica o lucro da Antarctica/Polar no Rio Grande do Sul chegando a R$ 46.853.000,00 (quarenta e seis milhões oitocentos e cinqüenta e três mil Reais). Neste ano os cervejeiros receberam participação nos lucros da empresa. 

Em 1997 aprofunda o processo de reestruturação produtiva iniciado em 1992. Em 02 de julho de 1999 eclode a notícia da Mega-Fusão das maiores cervejarias do Brasil, ou seja, Brahma e Antarctica, efetivada em 19 de abril de 2000 após aprovação do CADE. Em 2001 a empresa fecha aos poucos em Estrela. Em 2002, demissão em massa de cervejeiros. Em 2004 a Ambev noticia aliança Global com Interbrew de Bruxelas. No mesmo ano denúncias de amônia em Estrela. Em 20 de abril de 2006 a multinacional Ambev anunciou a desativação da fábrica de cervejas de Estrela. Em outubro de 2007 se estivesse em operação a cervejaria completaria 95 anos. 

Em janeiro de 2007, autoridades do município de Estrela prestigiaram a nova Indústria Cervejeira Prost Bier, localizada na BR-386, Bairro Imigrantes, Os convidados apreciaram o chopp Pilsen, suave e mais leve para o verão. 

Pesquisa: Airton Engster dos Santos 
Fonte: Acervo da Aepan-ONG (Clipagem, Polar S/A – Jubileu de Ouro e álbum do Cinqüentenário de Estrela).

domingo, 24 de junho de 2012

Associativismo nas colônias alemãs e Turnverein Estrella


Associativismo nas colônias alemãs 
e Turnverein Estrella

A história da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul registra uma data especial, 25 de julho de 1824. Antes há registro apenas da presença do elemento indígena e português nestas terras.

O índio foi dono original da terra. O português conquistador e defensor da terra com contribuição na língua, religião, organização política e familiar.

A partir de 1824 a situação muda consideravelmente no Rio Grande do Sul, com a chegada dos imigrantes alemãs: outra gente, outra língua, outros costumes e até outra religião.

Uma das características dos recém chegados, de origem alemã, era o espírito associativo. O lazer o canto, a música ocupavam parte considerável do tempo dos imigrantes, tanto que a hausmusik (música em família), passou a ocupar estaco na igreja, comunidade e sociedades. Desses grupos surgiram os sängervereine (sociedades de cantores ou pequenas orquestras).

Mas havia três tipos de sociedades que marcaram época nas comunidades germânicas: sociedades de cantores (sängervereine), sociedades ginásticas (turnvereine) e sociedades de atiradores (schützenvereine).

Não há cidade de origem alemã no Estado, que não se orgulhe de possuir, ou ter registrado no passado, a existência de uma dessas organizações.

Se encerraram suas atividades, as gerações mais velhas falam com saudade, pois foram sem dúvidas fundamentais para vida associativa do passado. Praticamente as vidas das comunidades giravam em torno delas.

Campo Bom, Sapiranga, Taquara, Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos, Nova Petrópolis, São Sebastião do Caí, Feliz, Montenegro, Lajeado, Estrela, Santa Cruz do Sul, Ijuí, entre outras, onde a imigração alemã foi importante, tiveram ou ainda tem uma ou outra das sociedades citadas.

Na história das localidades  alemãs, é de tal profundidade a presença dessas sociedades que a simples palavra “ginástica”, significava pessoas de origem alemã que ali cantavam, faziam ginástica, teatro, dança, jogo de cartas, bolão e tomavam cerveja.

Turnverein Estrella

A Turnverein Estrella, foi fundada em 26 de maio de 1907, por dez jovens entusiastas, no antigo hotel e confeitaria Bentz.

A primeira diretoria era assim formada: Alberto Dexheimer (presidente), Artur Francisco Preussler (vice-presidente e ginasta), Filipe Leopoldo Dexheimer (1º secretário), Clemente A. Ruschel (2º secretário), Conrado Hemb (tesoureiro), Walter N. Bernhardt (guarda-esportes), Adolfo Gonçalves, Alfredo Goulart, Cristiano Oscar Goedtel, Rodolfo Bernhardt e João Carlos Harres.

Em 1911 a entidade adquiriu um terreno para construção de uma sede própria. Em 1914 foi aprovada a construção da sede, em 15 de agosto de 1915 foi lançada a pedra fundamental, a construção ficou sob responsabilidade do Senhor Germano Kartsch. A inauguração ocorreu em 11 de novembro de 1916. Depois houveram várias melhorias no prédio.

Com a nova sede concluída, a Turnverein Estrella, oportunizou aos associados, ginástica, atletismo, bolão, salão para bailes, festas, teatro entre outros.

Em 1932 adquiriu um campo esportivo para prática de ginástica e atletismo, atividades que eram coordenadas pelo renomado professor alemão Leo Joas.

A Campanha de Nacionalização do presidente Getúlio Vargas e o ingresso do Brasil na 2ª Guerra Mundial, tudo que lembrava o pensamento germânico foi extinto sumariamente. Assim o departamento de ginástica foi fechado em 1942, o professor Leo Joas demitido e a diretoria deposta.

No alto da sede da Sociedade, também foi retirado o logotipo característico das sociedades congêneres, baseado nos quatro efes, em forma de cruz grega: frisch (jovial), fromm (bem comportado), fröhlig (alegre) e frei (livre).

Uma nova diretoria foi imposta, os estatutos foram mudados, e a entidade passou a denominar-se Clube Comercial em 1945.

Em 1951, sob a presidência de José Moesch, mudou o nome para Sociedade Ginástica de Estrela.

Mais tarde foi construído o ginásio, idealizado por Arnaldo J. Diel. Nos anos 70, foi adquirido a sede campestre, no bairro Cristo Rei, com várias opções aos associados: piscinas, cancha de tênis, vôlei de arreia, basquete, mini-futebol, quiosque, área verde e churrasqueiras.

Outra aquisição foi o campo da chacrinha, na rua Coronel Brito, próximo ao Arroio Estrela, com vasta área verde.

Em 2007, a Sociedade Ginástica de Estrela, comemorou seu centenário com uma exposição “Um Século de História”, peça teatral do grupo “Tá Pintando Arte” de Novo Hamburgo, culto e missa ecumênica no salão social da entidade, atividades esportivas alusivas ao centenário, sessão solene na Câmara Municipal de Vereadores de Estrela, Baile Soges – 100 Anos, e apresentação da OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.

Depois disso a SOGES implementou uma academia de ginástica onde funcionava o antigo bolão da Sede Social.

Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Clipagem Aepan-ONG

Estação Rodoviária de Estrela desde 1940




Estação Rodoviária de Estrela desde 1940

A primeira Estação Rodoviária de Estrela, criada em junho de 1940, estava localizada na Rua Fernando Abott, esquina com Marechal Floriano, no prédio onde funcionava o estabelecimento comercial de G. Gaussmann.

Mais tarde foi transferida para Rua Tiradentes, defronte ao Banco Pelotense, sob responsabilidade de Erni Sauer. Depois assume a gerência o Sr. Oscar Noll.

Quando da construção do Abrigo Municipal, inaugurado em maio de 1943 pelo prefeito Cláudio Toledo Mércio, na Praça Manna Barreto, defronte a Prefeitura e Santuário Santo Antônio, a Estação Rodoviária é instalada no local.



Mas Oscar Noll estava sempre preocupado com o conforto dos passageiros, motivo pelo qual construiu uma nova Rodoviária na Rua Tiradentes ao lado onde hoje funciona a agência do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Em seguida Oscar Noll passou a gerência da Rodoviária para Eugênio Noll  e Inácio Lenhardt.


A atual Rodoviária localizada na Avenida Rio Branco, próximo ao trevo da cidade e BR 386,  foi inaugurada em 1975.  Teve grande incentivo do então Prefeito Gabriel Aloísio Mallmann. Considerada Rodoviária modelo, uma das mais bem estruturadas do Estado na época, com 13 box, ampla área de embarque e desembarque, banheiros confortáveis, lanchonete, restaurante e diversas lojas.

Na década de 1970 os ônibus já eram bem maiores. A cidade de Estrela teve um crescimento populacional jamais visto em tempo algum em função da construção do Porto, Cesa e das agroindústrias Farol e Granóleo. Uma nova Estação Rodoviária era absolutamente necessária para atender as exigências dos novos tempos. Eugênio Noll teve a capacidade de saber entender o momento e entra para história como grande empreendedor.

Hoje já falecido, na Estação Rodoviária, parece se ouvir a voz inconfundível de Eugênio Noll... “Atenção Senhores Passageiros com destino..., Favor tomar seus lugares e boa viagem”.

Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Fonte: Clipagem Aepan-ONG


Revolução Federalista 1893 - 1895 Causa Invasões a Estrela Parte II




Revolução Federalista 1893 - 1895
Causa Invasões a Estrela
Parte II

Primeira Invasão da Vila de Estrela:

Segundo Álbum do Cinqüentenário de Estrela, no dia 27 de maio de 1893, às 10 horas da manhã, os rebeldes maragatos, sob o comando de Eloy Joaquim de Moraes e Juca  Mendes, entram na Vila de Estrela, invadem a Intendência e travam combate com a Guarda Municipal que, comandada pelo Sargento Antônio de Bittencourt, apresenta sérias resistências.

Os relatos são aterrorizantes, a cena é indescritível. Na luta travada, inclusive com arma branca, muitos tombam mortos,  ou feridos gravemente, dentre os quais o Sargento Bittencourt, que pereceu na batalha defendendo a Vila de Estrela.

O terror e o pânico da população da Vila, obrigou a fuga muitas pessoas, dentre elas do Intendente Municipal, Joaquim Alves Xavier, que já no dia anterior a invasão, havia fugido, dizendo-se sem elementos para lidar com a situação.

Com a chegada das forças legalistas, sob o comando do coronel Manuel Lautert, em seguida, os rebeldes sem põem em fuga.

Outros rebeldes, comandados por José Altenhofen, tentam entrar na Vila de Estrela, mas desistem do intento, pois temiam as forças de defesa comandadas pelo coronel Lautert.

São distribuídos forças de defesa, em diversos pontos da Vila, e o interior foi vasculhado em busca dos rebeldes.

Segunda Invasão a Vila de Estrela

Em 30 de outubro de 1893, a Vila de Estrela é novamente invadida, liderados pelos revolucionários Maragatos, Palmeira e Altenhofen, com tiroteio e gritaria pelas ruas, indo em direção a Intendência Municipal.

Houve reação de alguns poucos, o vigário da Paróquia, Padre Eugênio Steinhardt, intermediou, a guarda municipal se entregou sob garantia de vida dada por Altenhofen. Houve prisão do vigário e do irmão Grones que fez um relato detalhado da situação. Depois foram liberados.

Também dessa vez os maragatos não permaneceram na Vila de Estrela por muito tempo: Poucos dias depois chegava a tropa republicana de Santos Filho que limpou a área.

Em seguida retornou de Taquari, o intendente municipal, Pércio de Oliveira Freitas, com um corpo de policiais mais numeroso e reforçado, cabendo ainda o recrutamento de voluntários para guerra, conseguindo 60 soldados.


Terceira invasão da Vila de Estrela

Em março de 1894, as forças revolucionárias novamente entram na Vila de Estrela, comandadas por Aníbal Geraldo e José Altenhofen, mas desta vez apesar do número de combatentes, uma coluna de patriotas, comandados por Faustino Augusto, impedem que tomem posição de ataque.

Dispersados sem orientação, retiraram-se em debandada, muitos se jogando no Arroio Estrela, atravessando a nado. Na fuga deixam para trás muitos cavalos encilhados e lanças.

Os ânimos continuam exaltados, aparecendo de quando em vez algum grupo revolucionário pelas colônias de Estrela. O coronel Lautert, juntamente com Santos Filho a nível regional, comandavam as forças legalistas.

Saiba mais:

A Revolução Federalista tinha como objetivo a troca da oligarquia que estava no poder no Rio Grande do Sul, que tinha como maior líder, Júlio de Castilhos, por aquela liderada por Gaspar Silveira Martins, que foi desalojada do poder, com advento da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.

A Revolução Federalista, é uma história de intolerância, violência e fanatismo político.

Até hoje é difícil compreender as atitudes brutais que dividiram o Estado em Maragatos e Pica-Paus.

Pesquisa:
Airton Engster dos Santos
Bibliografia Consultada:
Aspectos da Revolução de 1893 – Moacir Flores e Hilda Agnes Hübner Flores;
O Município de Estrela – História e Crônica – Lothar Hessel;
Álbum do Cinqüentenário de Estrela – Administração Municipal 1926.

Revolução Federalista 1893 - 1895 Causa Invasões a Estrela Parte I

Joaquim Alves Xavier -Intendente Municipal de Estrella


Intendência Municipal de Estrella

Revolução Federalista 1893 - 1895
Causa Invasões a Estrela
Parte I

Durante o período de preparação da Revolução Federalista, os colonos e população em geral de Estrela, permaneceram alheios aos acontecimentos, isolados nas colônias ou nas oficinas artesanais, não tinham ambição por poder, que os motivassem para um posicionamento político.

De qualquer forma estavam informados a respeito dos acontecimentos através do Jornal Koseritz Deutsche Zeitang, de Porto Alegre, que antes de tudo defendia a agricultura familiar.

Neste contexto iniciou a Revolução Federalista, em fevereiro de 1893. Espalhou-se buscando a direção de Santa Catarina, parecendo que as colônias alemãs, entre elas de Estrela, ficariam fora dos conflitos.

Não foi assim que aconteceu, logo o potencial das colônias alemãs, para geração de alimentos, artesanal e humano,  rebanhos de gados, existente, foi alvo dos interesses dos beligerantes.

O cavalo, presente no potreiro dos colonos, despertava cobiça, pois era o meio de transporte mais difundido na  época.

Além das convicções políticas, destacavam-se também interesses de pessoas oportunistas, que visavam acima de tudo tirar vantagem da Revolução em benefício próprio.

Os intendentes de Estrela e Lajeado, desde 1893, recrutavam filhos de colonos para formar grupos civis de voluntários, treinados por militares, que foram muito importantes na defesa das colônias.

Foi  ameaça a família e a vida que os colonos, isolados em suas propriedades rurais, entraram na Revolução tendo como objetivo a defesa dos seus interesses, direitos, propriedades e a vida.

O Rio Taquari foi testemunho da degola de muitos beligerantes e por vezes de humilhante castração. Cabe lembrar que as barbáries eram praticadas por ambos os lados, Maragatos (revolucionários) ou Pica-Paus (legalistas).

Não se fazia prisioneiro na Revolução de 1893, e a degola era rotineira.
Pesquisa:

Airton Engster dos Santos
Bibliografia Consultada:
Aspectos da Revolução de 1893 – Moacir Flores e Hilda Agnes Hübner Flores;
O Município de Estrela – História e Crônica – Lothar Hessel;
Álbum do Cinqüentenário de Estrela – Administração Municipal 1926.


Picadas de Estrela - Escola, comunidade e igreja




Picadas de Estrela
Escola, comunidade e igreja

Os imigrantes ou descendentes deles, que povoaram Estrela, em sua grande parte, logo trataram de erguer escolas, as primeiras da região.

A vida dos membros da comunidade girava em torno da escola e da igreja. Tinham a convicção de que a igreja deveria ficar próxima da escola. Para os colonos, a educação dos filhos tratava-se de assunto muito sério e importante para igreja e comunidade.

Ter cidadãos honrados, educados, sábios representava força para comunidade, pois seriam pessoas capazes de cuidar também dos interesses coletivos.

Os imigrantes alemães chegados ao Rio Grande do Sul, a partir de 1824, a Estrela em 1856 e Teutônia 1858, ficaram inicialmente isolados nas chamadas picadas.

Formaram suas comunidades de acordo com os valores culturais trazidos da Europa, já que não sofreram nenhum processo de aculturação de parte dos Luso-brasileiros, em virtude do isolamento natural a que foram submetidos.

Assim, diante da falta de escolas governamentais, ou de outras instituições de ensino, serviram-se do idioma que trouxeram da Alemanha, constituindo escolas comunitárias, associações recreativas e religiosas, onde só se falava o alemão.

Na verdade o idioma servia como elo de união para preservação de valores culturais. Na medida em que as comunidades foram se definindo suas instituições, igreja e escola fizeram da disseminação da língua um culto.

Algumas pessoas mais instruídas, na ausência de professores regulares, eram contratados como mestre-escolas. Não raro também ocupavam os cultos evangélicos como pseudopastores, suprindo desta forma a inexistência de cléricos ordenados.

Desde 1856 até 1937, quando o Estado Novo de Getúlio Vargas, iniciou a campanha da nacionalização, a etnia alemã no Rio Grande do Sul, principalmente nas colônias, entre elas Estrela e Teutônia, se constituía uma verdadeira nação dentro do território brasileiro.

Formavam grupos dentro das chamadas colônias, o  isolamento geográfico, e outros de ordem cultural (idioma, comunidade, escola e igreja), faziam com que fosse impossível a penetração da cultura luso-brasileira.

Apesar de viverem no Brasil, suas mentes pairavam na longínqua Germânia. O contexto cultural que alimentava as comunidades provinha da Alemanha.

Em seguida aos primórdios da colonização, os pastores evangélicos, jesuítas alemães e professores, cultivavam a língua, os costumes, as tradições, a música, o canto, inclusive a escola e religião era apresentado segundo contexto alemão.

Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Bibliografia consultada:
Reminiscências de Arno Sommer;
500 Anos de Colonização - IBGE;
Do Deutscher Hilfsverein ao Colégio Farroupila 1858/1974 de Leandro Telles.


Tiros de Guerra em Estrela

Tiros de Guerra em Estrela

Os Tiros de Guerra foram criados pelo Governo Federal com a finalidade, de facilitar aos jovens, o cumprimento de prestar o Serviço Militar Obrigatório, na sede do próprio município de origem, contribuindo para evitar o êxodo Rural.

Tratava-se de entidade civil, com diretoria própria, tendo a assistência de um militar, para ministrar instrução mínima necessária para o cumprimento da obrigação militar.

Nas primeiras turmas foram matriculadas pessoas com a idade superior ao limite previsto, que ainda não tinham prestado o serviço militar, além de outros jovens com idade apropriada para servir a Pátria.

No ano de 1916 é fundado o Tiro de Guerra da Vila Estrela. A 28 de maio perante grande assistência, realizava-se a inauguração do Tiro, ficando empossada a seguinte diretoria: Presidente honorário – Intendente Manoel Ribeiro Pontes Filho; presidente efetivo – Luiz Ignácio Müssnich; vice-presidente – Sylvio Azambuja; secretário – Ervino João Schmidt; Tesoureiro – Alberto Dexheimer; diretor de tiro – Odorico de Azevedo Lima; vogais: Alberto Sport, Carlos Hennemann, Fernando Noronha de Azambuja, Miguel Monteiro Vasques e Pedro Braun; comissão de contas: Alberto Ruschel, Artur Buchmann e Bento Luiz Ozório.

Em 28 de junho do mesmo ano o Tiro da Vila de Estrela é reconhecido pela Confederação do Tiro Brasileiro, e fica incorporado com o número 227. Em 16 de julho chega a Estrela, seu primeiro instrutor, tenente João Marques da Cunha Castro e de seu ajudante de ordens, tenente Álvaro Furtado.

Em 28 de outubro de 1916, foi criado o Tiro de Guerra de Roca Sales (território de Estrela naquela época), sendo incorporado com o número 300. A diretoria ficou assim constituída: Presidente – Silvio Piccinini; vice-presidente – Napoleão Maiole Primo e secretário – Germano José Cristh. O primeiro instrutor foi o sargento Heitor Rodrigues dos Santos.

Em 25 de janeiro de 1917, funda-se o Tiro de Guerra do Corvo (hoje município de Colinas), sendo logo incorporado com o número 298. Sua diretoria ficou assim constituída: Presidente – Pedro Brentano Sobrinho; vice-presidente – José Prediger Filho; secretário – Francisco de Azambuja; Tesoureiro – Adolfo Gerhardt; diretor de tiro - João Steffens e instrutor –  Sargento Inocêncio Machado Bittencourt.

Em 06 de janeiro de 1920, é fundado o Tiro de Guerra de Teutônia (plebiscito para emancipação em 1981), que em seguida é incorporado com o número 648. Seu primeiro instrutor foi também o Sargento Bittencourt, que já havia trabalho em Corvo. A primeira diretoria ficou assim constituída: Presidente honorário – Manoel Ribeiro Pontes Filho; presidente efetivo – Henrique Affonso Hoffmann;  vice-presidente – Frederico Koefender; tesoureiro – Roberto Pilz e secretário – Adolpho Koefender.

Segundo consta, os Tiros de Guerra tiveram duração até 1945.

Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Imagem; Aepan-ONG