Jornal Folha de Estrela
Especial – Cultura Alemã 190 Anos
Por Airton Engster dos Santos
Por Airton Engster dos Santos
Há 190 anos, o Rio Grande do Sul era uma terra despovoada. Isso permite entender o significado das sucessivas levas de imigrantes alemães que no século XIX vieram para o Estado.
O oceano era vasto, viajava-se em veleiros superlotados, faltava comida, água, morria-se durante o percurso, a terra era inóspita, 77 hectares e praticamente mais nada para começar a vida no meio do mato.
Mas a transformação que os imigrantes e seus descendentes promoveram, com sua vontade de trabalhar, alcançou todos os setores da vida social e econômica do Rio Grande do Sul.
Surgiram picadas, que viraram vilas, depois cidades. Artesanatos que viraram indústrias. Professores que criaram salas de aulas que viraram escolas que deram origem a universidades. Religiosos que criaram seminários, que construíram capelas que se transformaram em catedrais. Criação de cooperativas, bancos e sindicatos.
Sem dúvidas 25 de julho assinala um fato importantíssimo da história do Rio Grande do Sul.
Os descendentes dos imigrantes desbravaram novas colônias movidos pela cultura da religião, do trabalho árduo e do empreendedorismo.
No Estado do Rio Grande do Sul, no Vale do Taquari, em Estrela-RS, não há setor da atividade onde não se faça presente a herança da colonização alemã.
Participar da edição especial do Jornal Folha de Estrela e para mim motivo de orgulho e gratidão, especialmente para dizer muito obrigado aos imigrantes alemães e seus descendentes pelo legado que nos deixaram, para Estrela e Rio Grande do Sul.
Airton Engster dos Santos
Imigração Alemã 190 Anos - História
Castigados duramente pelas tragédias de uma guerra perdida e atraídos pelo novo eldorado que se vislumbrava chamado Brasil, eles vieram de mão vazias, mas com o coração cheio de esperanças de uma vida melhor.
Pioneiros e desbravadores de uma terra quase inóspita, os imigrantes alemães, com fibra e denodo, assentaram as bases do progresso de muitas regiões brasileiras, inclusive o Vale do Taquari em especial Estrela-RS.
A Europa ainda estava arrasada, geofísica e economicamente, durante o longo período de guerras provocadas por Napoleão Bonaparte, que destruíra quase por completo a agricultura na Alemanha, ora pisoteada por tropas russas, ora por tropas francesas. Os alemães sentiam dentro de seus lares os reflexos daquela catástrofe.
Por outro lado, o Brasil, um país novo, com imenso território fértil para cultivar, explorar e povoar, carecia de braços para isso, já que possuía uma população muito pequena.
O Imperador D. Pedro I, casado com a Princesa Leopoldina, da Áustria, fez promessas tentadoras aos estrangeiros que quisessem vir para povoar o Brasil.
Um alemão, que fora dos primeiros a tomar conhecimento dessa decisão imperial, Major Joseph Anton Schaeffer, se interessou pelo caso e entrou em contato com as autoridades brasileiras.
Desse seu entendimento com o Monsenhor Pedro Machado de Miranda Malheiro, Diretor do Serviço de Imigração, ficou resolvido que cada colono alemão que entrasse no Brasil perceberia uma comissão em dinheiro.
A boa nova proclamada pelo Major Schaeffer ecoou na Alemanha como se fosse uma nova Canaã, a Terra Prometida, enchendo o coração daquele povo de sonhos e esperanças.
As promessas do governo brasileiro contidas nos boletins distribuídos por toda Alemanha, pelo Major Schaeffer são as seguintes:
1- Passagens de navio pagas pelo Brasil;
2- Admissão como cidadãos do novo país, gozando foro legal a partir do registro de chegada;
3- Liberdade de culto religioso, garantida pela Constituição do Império;
4- Uma propriedade de terras livre e desembaraçada, medida e demarcada, com a área de 160 mil braças quadradas, parte em campo e terras para lavoura e parte em mata virgem;
5- Em proporção ao tamanho da família, vacas, bois, cavalos, ovelhas e suínos;
6- Um frango por dia no primeiro ano e, a partir do segundo, meio frango por dia, por cabeça;
7- Isenção de impostos por dez anos;
8- As terras seriam inalienáveis nos primeiros dez anos; depois desse período, poderiam vendê-las ou trocá-las, desde que pagassem os impostos correspondentes;
9- Os colonos estariam na única obrigação de formal renúncia à nacionalidade de origem.
Atraídos pelas promessas mirabolantes do Major Schaeffer, inúmeros alemães disseram adeus aos seus bens e valores materiais, aos parentes e à sua pátria, em busca de melhor fortuna em terras brasileiras.
E assim, no ano de 1824, partiu o primeiro navio transportando 43 alemães destinados a colonização do sul do Brasil. Iriam enfrentar terras estranhas e incultas, clima diferente, língua desconhecida e outras adversidades.
A Chegada ao Brasil:
Esses pioneiros da imigração alemã estiveram alguns dias em Porto Alegre, para fins de registro, descanso e outras providências. Logo após foram transportados por lanchões a São Leopoldo, aonde chegaram em 25 de julho de 1824.
Estavam destinados a Fazenda Imperial do Linho Cânhamo ou Feitoria do Linho Cânhamo como era mais conhecida, que até então havia sido trabalhada por escravos e estava em decadência.
Esses 43 pioneiros eram constituídos por membros das famílias Bentzen, Bust, Hamel, Hockmüller, Hoepper, Iacks, Kraemer, Kümmel, Jaeger, Meyer, Pfingst, Rasch, Timm e Zimmermann.
Nova chegada de imigrantes aportou no Rio de Janeiro, a 6 de novembro do mesmo ano com mais 81 pessoas que vieram a bordo do navio Germânia, sendo em seguida mandados para terras gaúchas.
Nesse grupo veio o primeiro imigrante com curso superior, o Dr. Johann Daniel Hillebrand, médico que prestou serviços relevantes à nova colônia e que faleceu com 80 anos de idade.
Tanto o Imperador quanto o Governador da Província, José Feliciano Fernandes Pinheiro, davam pessoalmente as boas vindas aos imigrantes.
O governador os tratava com tanta deferência que um imigrante o convidou para batizar seu filho, que nasceu no Brasil.
Como se vê no princípio foi tudo um mar de rosas e euforia. Porém assim que as barcaças os conduziam às terras distantes no meio das selvas, com dificuldade de comunicação, subindo os rios do Sinos, Taquari, Jacuí, os colonos descobriram o logro de que haviam sido vítimas. E seus rancores contra o Major Schaeffer se manifestaram.
Em 1825, outro contingente de imigrantes alemães se dirigiu ao Rio Grande do Sul, havendo naufragado nas proximidades de Mostardas.
Parte dos imigrantes seguiu por terra. A ala protestante fundou a Colônia de Três Forquilhas. A ala católica fundou a Colônia São Pedro de Alcântara, próximo a São Domingos de Torres.
A imigração recorde aconteceu em 1829, com 1.689 colonos. Houve uma interrupção em 1830 por 14 anos, recomeçando em 1844, apesar das notícias propaladas na Europa sobre o abandono dos colonos e dos protestos através das chancelarias. Novas imigrações ocorreram de 1848 a 1853, ano em que totalizou a vinda de 7.491 imigrantes alemães.
Dificuldades Encontradas:
As festas iniciais da chegada foram transformadas em muita dor, lagrimas e decepções.
Quanto mais os colonos se afastavam de Porto Alegre, em demandas de terras distribuídas, mais se sentiam abandonados e sem recursos.
Com determinação e coragem admiráveis, venceram as feras e a terá agreste. Começaram construindo choças com cobertas de sapé, que a medida das possibilidades, foram sendo melhoradas.
A arquitetura foi melhorando aos poucos até conseguirem recursos para construir suas casas em estilo teutônico da saudosa pátria distante, isso é, com telhado pontudo, como até hoje ainda se encontram em todas as cidades que foram berços da colonização alemã.
Com esforço e tenacidade foram ampliando aglomerados humanos em aldeias, vilas, e cidades; abrindo picadas que se transformaram em estradas de rodagem; iniciaram artesanatos que viraram em industrias de porte; iniciaram pequenos roçados e hortas que mudaram para enormes lavouras; organizaram pequenos armazéns que se transformaram em empórios.
Trouxeram os alemães para o Brasil, todos os seus costumes e o mantiveram. Entre eles o chopp, a cerveja, o kerb, as músicas e as danças, o canto coral.
Aqui começaram a fabricar a cerveja, o chopp e a organizar seus kerbs, costumes que se perpetuaram entre nós através de uma assimilação recíproca, germânicos e brasileiros, o que muito contribuiu para integração.
Também trouxeram para o Brasil, a Igreja Evangélica Luterana, á qual aderiram muitos brasileiros.
Contribuição dos Imigrantes para o Progresso
Os imigrantes alemães cuidaram da educação de seus filhos. E embora muitos não conseguissem dominar a língua portuguesa, seus filhos cursaram Universidade e Escola Militar, dando ao Brasil, filhos ilustres, como médicos, engenheiros, advogados, políticos, professores, administradores, técnicos, militares e outros.
Cento e noventa anos transcorreram após a chegada daqueles bravos imigrantes que transformaram o aspecto físico, político e econômico do Rio Grande do Sul. E, hoje, muitos dos seus descendentes não sabem falar alemão e tem uma vaga idéia da Alemanha.
Neste ano de 2014, o Rio Grande do Sul está festejando os 190 Anos da chegada daqueles que ajudaram este Estado e o Brasil a crescer, e adicionaram os seus conhecimentos aos nossos, trocaram conosco seus costumes e comungaram conosco os mesmos ideais.
A escola
Um dos exemplos mais significativos de resistência cultural foi a criação e a manutenção de escolas alemãs vinculadas a comunidades evangélicas e católicas nas colônias.
Tendo os imigrantes vivido isolados durante algumas décadas, as primeiras escolas e igrejas foram organizadas por eles mesmos.
Em torno da escola, como também da igreja e de associações, o apego às tradições e a preservação de elementos culturais se estendeu a diversas gerações, persistindo mais ou menos até os dias atuais. Pode-se afirmar que alguns dos elementos de preservação e difusão da língua, identidade e cultura alemãs por parte dos imigrantes e descendentes, referem-se à escola comunitária, à imprensa, à ênfase no associativismo, na organização das comunidades religiosas, dentre outros.
A capela
Assim como a escola, as capelas tiveram grande importância na vida dos imigrantes e descendentes alemães, pois serviam ao mesmo tempo como um local de culto, escola e salão de festas. Esta organização em torno da capela remete a outro aspecto semelhante, desempenhado pelas associações assistenciais e recreativas. Eram atividades de lazer e, ao mesmo tempo, um lugar de preservação de costumes e hábitos dos imigrantes que, aos poucos, foram sendo assimilados pelos brasileiros.
imigração e a colonização alemã no Brasil tiveram um importante papel no processo de diversificação da agricultura e no processo de urbanização e de industrialização, tendo influenciado, em grande parte, a arquitetura das cidades e, em suma, a paisagem físico-social brasileira.
- O imigrante alemão difundiu no Brasil a religião protestante e a arquitetura germânica; contribuiu para o desenvolvimento urbano e da agricultura familiar; introduziu no país o cultivo do trigo e a criação de suínos. Na colonização alemã, não se pode negar, está a origem da formação de um campesinato típico, marcado fortemente com traços da cultura camponesa da Europa Central.
- No domínio religioso, há de se reconhecer a influência dos pastores, padres e religiosos descendentes de alemães. Várias igrejas luteranas foram implantadas com a chegada dos imigrantes e o próprio ritual católico adquiriu certas especificidades nas comunidades alemãs.
- A vida cultural dos imigrantes também teve um papel importante na formação da cultura brasileira, especialmente no que diz respeito a certos hábitos alimentares, encenações teatrais típicas, corais de igrejas, bandas de música e assim por diante. Exemplo caracterstico é a Oktoberfest que, a princípio, surgiu como uma forma de manifestação contra as atitudes tomadas pelo Estado Novo em proibir atividades culturais que idenficassem a germanidade. Hoje, ela é uma festa que simboliza a alegria alemã, tendo incorparado, com adaptações e modificações, a gastronomia, a música, a língua alemãs.
Imigração Alemã para Estrela - Rio Grande do Sul
Estrela é o município mais antigo do Vale do Taquari. Foi pelo Rio Taquari que aqui chegaram os colonizadores que desbravaram a mata virgem e passaram a colonizar esta terra. Os primeiros imigrantes vieram da região de São Leopoldo e São Sebastião do Caí. Chegaram em Estrela por volta de 1856 e se fixaram nas fazendas, nas picadas, como Picada Grande (Novo Paraíso), Arroio do Ouro e Boa Vista.
A fundação do município de Estrela deve ser situada em 1856, época em que começou a colonização em terras de propriedade do Coronel Vitorino José Ribeiro, colonização essa constituída no fundamental, de pessoas de origem germânica. A esta colônia que se deu o nome de Estrela, seguiu-se a de Teutônia, criada dois anos depois por Carlos Arnt, ambas pertencentes ao município de Taquari.
Em 1862, a população ainda é pequena: 317 habitantes com 234 brasileiros, 77 alemães, 5 dinamarqueses e 1 francês. Mas em 18 de fevereiro do ano seguinte já se inaugurava uma capela evangélica na picada de Novo Paraíso. Em 1865, a colônia já tinha uma produção variada: feijão, mandioca, centeio, trigo, milho, batatas, etc. As primeiras indústrias foram de manteiga e banha de porco. A exportação destes produtos fazia-se através do Rio Taquari, em Estrela ou por o Porto dos Barros. A 30 de setembro de 1871, começou a funcionar a primeira escola para rapazes, criada por Lei provincial 771, de 4 de maio do mesmo ano.
Em 1872 o coronel Vitor de Sampaio Mena Barreto, grande proprietário de terras, fundava o povoado, sob a invocação de Santo Antônio. Logo após chegaram os Ruschel, família numerosa e dinâmica que lançaria as bases da indústria e comércio locais. Miguel Explorou casa comercial e o hotel Ruschel. Comprou extensas áreas de terra que explorava e colonizava e estabeleceu uma linha de navegação fluvial no Rio Taquari.
A 2 de abril de 1873, a Lei nº 857 criava a Freguesia de Santo Antônio da Estrela, que se desmembrava assim da de São José do Taquari. Neste mês ainda criavam-se duas escolas masculinas e uma feminina. Em 24 de agosto o Padre Francisco Schleipen celebrava a primeira missa. Em 1874, a área da freguesia era aumentada com a incorporação do território à margem direita do Rio Taquari (municípios de Lajeado, Arroio do Meio, Encantado e parte de Guaporé).
Finalmente pela Lei nº 1.044, de 20 de maio de 1876, no governo do Conselheiro Tristão Alencar Araripe, criava-se o município de Estrela. Seis anos após foi instalada a Vila, isto é, em 21 de fevereiro de 1882, sob a presidência de João Caetano Pereira. Este deu posse aos primeiros vereadores eleitos: Henrique Theodoro Rohenkohl, Patrício Antônio Rodrigues, Jorge Carlos Lohmann, Tristão Gomes da Rosa, Miguel Ruschel, Bento Manoel de Azambuja e Luis Paulino de Morais.
O número de prédios era de 90 em 1888; 184 em 1911; 225 em 1913; 300 em 1921.
A população da Vila Estrela era de 1.057 habitantes em 1911; de 2.088 em 1921.
Os principais edifícios no início do século XX eram: Igreja Matriz Santo Antônio; Intendência Municipal; Sociedade Ginástica; Colégio Santo Antônio; estabelecimento comercial de Mathias Schneider; Casa de Saúde fundada pelo Dr. Campelli, fábrica de cerveja de Kortz & Dexheimer; Usina Elétrica de Ruschel e Irmãos; fábrica de sabão Costa & Cia; fundição Wirtz & Cia.
A Vila Estrela contava com estação telegráfica e centro telefônico municipal, agência do correio.
Era iluminada pela firma de Ruschel e Irmãos.
A Vila Estrela era progressista, industrializada, movimentada com ótimas edificações, bons hotéis, duas grandes clínicas com hospitais e farmácias, porto de grande movimento, uma bela localidade de colonização alemã.
As ruas centrais eram bem cuidadas, algumas já calçadas com pedras e passeios de laje.
Uma bonita praça bem arborizada chamada Benjamin Constant. No largo da praça ficava a Intendência Municipal, Igreja Matriz Santo Antônio, hotéis, bancos, casas comerciais, cafés, bilhares, barbearias, etc...
O comércio da Vila era representado por importantes casas e indústrias de tecidos, fundição, sabão, cerveja, móveis, caramelos, café, etc...
As maiores construções eram a Sociedade Ginástica e Colégio Santo Antônio.
A Vila de Estrela era muito movimentada com pessoas chegando diariamente em sua grande parte para atendimento nas clínicas especializadas existentes na localidade.
Os cinco hotéis existentes na Vila Estrela estavam sempre lotados, provando desta forma a grande presença de forasteiros.
O lugar era muito aprazível com população alemã e teuta era ordeira, laboriosa e progressista.
Sociedades:
Já nesta época havia grande número de sociedades recreativas, literárias, canto e música, tais como: Sociedade Ginástica, Sociedade Musical Santa Cecília, Foot-ball, Sociedade de Tiro Brasileiro, Comunidade Católica de Estrela, Sociedade Evangélica de Estrela, Deuttscher Sängerbund, Gesangverein Frohsinn, Gesanverein Eintracht, Gesangverein Brudersinn, Gesanverein Lyra Misst, Deutsche Gemeinde Teutônia Nord, Bauern-Verein Estrelenser, etc...
Estrela era considerado centro industrial
Contava na década de 1920 com os seguintes estabelecimentos industriais: fábrica de sabão e sabonete Costa; fábrica de Móveis Nils & Cia; fábrica de Cerveja de Kortz & Dexheimer; moinho Ruschel e Irmãos; oficinas mecânicas de Otto Thimming e Bruno Schwertner; fábrica de licores de Kortz & Cia; fábrica de licores e vinagres de Reinoldo Schwambach; fundição de Wirtz & Cia; fábrica de banha de Albino Closs e Cia; diversos moinhos, serrarias, fábricas de laticínios. Possuía na época 53 fábricas com um capital de 1.207:114$500 e uma produção avaliada em 2.512:955$000.
Compra e venda de produtos:
Os principais produtos exportados eram: banha, milho, feijão, alfafa, farinha de mandioca, lentilha, favas, carne de porco etc.
Importava produtos manufaturados, ferragens, louças, açúcar, sal, querosene, gasolina, etc...
Meios de transporte:
O município possuía um sistema de navegação sendo que os portos de Estrela eram diariamente visitados por vapores, gasolinas, e outras embarcações.
Varias eram as estradas para carroças ligando o município aos distritos e outras cidades vizinhas.
As Picadas de Estrela
Após a primeira Guerra Mundial, as comunidades do interior de Estrela, tiveram seus nomes mudados, como segue:
Berlim – Almirante Barroso,
Kohl – Castro Alves,
Krupp – Paisandu,
Bismarck – Olavo Bilac,
Moltke – Marechal Mallet,
Frederico Guilherme – 11 de Novembro.
Pelo Ato n° seis, de 15 de novembro de 1919, a Prefeitura Municipal de Estrela, Picada Glückauf passou a ser denominada de General Canabarro.
Nesta época grande parte das residências era em estilo enxaimel. A língua dominante era o Sapato de Pau, denominação que recebeu o dialeto dos Westfalianos, pelo fato de usarem como na Westfália e também na Holanda, toscos sapatos trabalhados em madeira.
A venda abastecia as famílias interioranas. Uma casa de secos e molhados que adquiria dos colonos produtos como: banha, manteiga, ovos, milho a serem comercializados em outros lugares como Porto Alegre. Muitas vezes era realizada uma simples troca.
Os produtos eram acondicionados em barricas de madeira, da banha a manteiga, para transporte até o Porto de Estrela ou Bom Retiro do Sul, por onde as mercadorias seguiam de vapor, até a capital do Estado.
A banha era de boa qualidade e a manteiga era trazida até a venda enrolada em panos ou folhas de repolho. Ali eram misturadas e homogeneizadas. Muitas vezes as remessas de produtos desde as colônias até os portos eram feitas em mais vezes, tamanhas as produções das colônias.
Para colônias como Arroio da Seca e Corvo, o trajeto somente era feito a pé ou cavalo, a mata virgem era muito densa e a venda mais próxima localizava-se em Estrela. Os colonos levavam milho, feijão e outras mercadorias para as vendas em Estrela, as quais eram trocadas por roupas e utensílios diversos.
Por não ter sido possível trazer utensílios da Europa, os imigrantes fizeram todos seus pertences (xícaras, pratos, talheres e outros) de madeira. Também faziam sua própria cerveja, tomando-a nos dias de festa. As roupas eram feitas de feitas através de tear.
Muitas vezes os animais silvestres devoram o gado e as galinhas.
A terra para o plantio era limpa a mão. O cavalo além de servir para arar a terra passou a ser o meio de transporte utilizado para o deslocamento para Estrela.
As escolas eram distantes e as pessoas mais instruídas serviam como professores. As escolas construídas serviam também cultos religiosos.
Os imigrantes trouxeram da Europa a medicina caseira. As pessoas tentavam se curar em casa, pois médico só em Estrela. Muitas pessoas morreram na época por falta de assistência.
Com a primeira leva de imigrantes não vieram padres nem pastores. Todas as famílias trouxeram consigo um livro chamado “Schwarzes Hausbuch”, de orações que servia de base para batismos, casamentos e enterros.
Os vizinhos se ajudavam mutuamente em caso de doenças e outras dificuldades. Os imigrantes mais novos casavam somente com outros imigrantes, geralmente com seus vizinhos. Eles tiveram grandes dificuldades para registrar seus filhos e terem seus casamentos reconhecidos.
Estrela-RS – Estradas Transporte nas colônias
O transporte das colônias até Estrela era feito normalmente a cavalo ou carretas puxadas por mulas, não raras vezes a pé.
A grande distância até Estrela, onde estava localizado o porto, fazia com que os transportadores saíssem de madrugada do interior.
Da Picada Berlim, a carreta descia até Picada Schmidt, seguindo depois por trilhas esburacadas ou enlameadas, pela Picada Franck, passando por Teutônia, Picada Glückauf, Posses, para chegar lá pelo meio dia em Estrela.
Descarregada a carreta era recarregado com produtos e mercadorias vindos da capital, como tecidos, sal, açúcar, ferramentas, que eram levadas para as vendas nas picadas.
As chegadas das carretas era sempre muito esperada, pois além dos produtos, a carreta trazia também novidades, como, jornais, cartas e calendários.
A carroça era naquela época o único meio de transporte para grandes volumes. Volumes menores eram transportados em lombos de cavalos e mulas.
O cavalo além de servir para arar a terra passou a ser o meio de transporte utilizado para o deslocamento para Estrela.
As primitivas estradas a cortar o território de Estrela, nada mais eram do que tortuosos piques abertos em meio da mata virgem, servindo inicialmente apenas para passagem de pessoas a pé ou a cavalo.
No final do século XIX, as picadas eram somente utilizadas por pessoas a pé, a cavalo ou tropa de mulas em fila, para transporte de produtos. Com o aumento do movimento, as picadas foram alargadas, dando origem as estradas para dar passagem para carroças e carretas.
Mais tarde foram construídas pontes de madeira facilitando a vida dos colonos.
Dialeto nas colônias da Grande Estrela
Na vasta região de Estrela, que compreendia além do atual território, mais Lajeado, Teutônia, Roca Sales, Imigrante e Colinas, além de localidades menores, a maioria dos moradores, alemães e seus descendentes, conseguiam se comunicar em português, alguns de forma clara, outros com forte sotaque alemão.
Entre os membros das colônias a maioria usava o alemão ou em algumas poucas famílias o alto-alemão (hochdeutsch).
Os mais difundidos, segundo professor Arno Sommer, eram os dialetos hunsrücker, trazidos da Rhenânia e o westfaliano conhecido também como sapato de pau.
Picadas como: Boa Vista, Germano, Catarina, Capivara, Canabarro, Geraldo, Franck a população falava o dialeto hunsrücker.
Já nas picadas: Schmidt, Host, Clara, Morro Becker, Berlim e parte da Franck o dialeto mais difundido era o sapato de pau.
Ambos dialetos foram sendo entremeados com vocábulos portugueses, adaptado a fala dos colonos.
O dialeto hunsrücker foi mesclado com palavras portuguesas em número bem maior do que o sapato de pau.
O professor Erich Fausel (A mistura Lingüística Teuto-Brasileira) aponta milhares de palavras que foram mescladas e como se originou este fenômeno.
O hunsrücker é um dialeto mais simples, e somente nas comunidades westfalianas não se difundiu de forma absoluta como nas outras colônias, pois se trata de um dialeto tosco, mais fácil do que alto-alemão, por exemplo.
O predomínio do dialeto hunsrücker em Estrela se deve ao fato de um grande contingente de colonos oriundos da Rhenânia, em maior número do que outras regiões da Alemanha.
O dialeto hunsrücker tem variações de região para região, inclusive entre as picadas de Estrela e Teutônia havia diferença na fala.
Kerb a moda antiga em Estrela
Representava a comemoração do aniversário do templo da localidade.
O Kerb iniciava com um culto religioso, festivo, na igreja cujo aniversário se comemorava, com a participação dos coros locais. Geralmente tinha duração de três dias.
Como o Kerb de outras localidades se dava em data diversa, havia a visita de pessoas e parentes de outras picadas.
Nos dias que antecediam o Kerb, as famílias já faziam os preparativos para festança. Limpavam a casa, o pátio, reabasteciam a dispensa, abatiam suínos e galinhas, que eram servidos no almoço festivo.
Também as sobremesas eram cuidadosamente elaboradas. Cucas, e tortas não podiam faltar, além da produção própria de gasosa que muitos colonos produziam a partir do gengibre.
O Kerb só de comilança sem baile era conhecido como fresskerb.
Na tarde de domingo, após visitas nas plantações e instalações de animais do anfitrião, os homens jogavam schafskopf.
As mulheres falavam das novidades das picadas, enquanto a dona da casa preparava o café da tarde.
Os jovens por sua vez só pensavam no baile da noite. Os que tinham namorada, já se deslocavam para casa da noiva para levá-la ao baile. Normalmente a cavalo. Não raros casos, a pé.
O proprietário do salão de Kerb , caprichava na organização e ornamentação com folhas de coqueiros na porta, e guirlanda colorida no centro.
A orquestra tocava músicas convidativas (Isabella; O Suzana; Mariechenwalser; Trink-Brüderlein-Trink) e assim por toda noite.
O salão enchia aos poucos com a chegada dos casais. Muita festa para quem conquistava a garrafa do Kerb (Kerbflasche) que ficava escondida ou no centro do salão, pendurada numa coroa de papel. Podia então brindar os amigos com uma cervejada.
Por vezes a orquestra parava de tocar para tomar cerveja, patrocinada por um feliz participante do baile.
Aos poucos os casais procuravam as mesas, onde os cavalheiros ofereciam a dama, uma bebida ou café com lingüiça.
E assim a noite passava num clima de grande amizade.
O professor Arno Sommer em seu livro “Reminiscências”, trata das festas que aconteciam nas colônias de Estrela e Teutônia, de forma emocionante, o qual considero de leitura indispensável aqueles que curtem nossa história.
Escola, comunidade e igreja na Colônia Estrela
Os imigrantes ou descendentes deles, que povoaram Estrela, em sua grande parte, logo trataram de erguer escolas, as primeiras da região.
A vida dos membros da comunidade girava em torno da escola e da igreja. Tinham a convicção de que a igreja deveria ficar próxima da escola. Para os colonos, a educação dos filhos tratava-se de assunto muito sério e importante para igreja e comunidade.
Ter cidadãos honrados, educados, sábios representava força para comunidade, pois seriam pessoas capazes de cuidar também dos interesses coletivos.
Os imigrantes alemães chegados ao Rio Grande do Sul, a partir de 1824, a Estrela em 1856 e Teutônia 1858, ficaram inicialmente isolados nas chamadas picadas.
Formaram suas comunidades de acordo com os valores culturais trazidos da Europa, já que não sofreram nenhum processo de aculturação de parte dos Luso-brasileiros, em virtude do isolamento natural a que foram submetidos.
Assim, diante da falta de escolas governamentais, ou de outras instituições de ensino, serviram-se do idioma que trouxeram da Alemanha, constituindo escolas comunitárias, associações recreativas e religiosas, onde só se falava o alemão.
Na verdade o idioma servia como elo de união para preservação de valores culturais. Na medida em que as comunidades foram se definindo suas instituições, igreja e escola fizeram da disseminação da língua um culto.
Algumas pessoas mais instruídas, na ausência de professores regulares, eram contratados como mestre-escolas. Não raro também ocupavam os cultos evangélicos como pseudopastores, suprindo desta forma a inexistência de cléricos ordenados.
Desde 1856 até 1937, quando o Estado Novo de Getúlio Vargas, iniciou a campanha da nacionalização, a etnia alemã no Rio Grande do Sul, principalmente nas colônias, entre elas Estrela e Teutônia, se constituía uma verdadeira nação dentro do território brasileiro.
Formavam grupos dentro das chamadas colônias, o isolamento geográfico, e outros de ordem cultural (idioma, comunidade, escola e igreja), faziam com que fosse impossível a penetração da cultura luso-brasileira.
Apesar de viverem no Brasil, suas mentes pairavam na longínqua Germânia. O contexto cultural que alimentava as comunidades provinha da Alemanha.
Em seguida aos primórdios da colonização, os pastores evangélicos, jesuítas alemães e professores, cultivavam a língua, os costumes, as tradições, a música, o canto, inclusive a escola e religião era apresentado segundo contexto alemão.
Associativismo nas colônias alemãs
e Turnverein Estrella
A história da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul registra uma data especial, 25 de julho de 1824. Antes há registro apenas da presença do elemento indígena e português nestas terras.
O índio foi dono original da terra. O português conquistador e defensor da terra com contribuição na língua, religião, organização política e familiar.
A partir de 1824 a situação muda consideravelmente no Rio Grande do Sul, com a chegada dos imigrantes alemãs: outra gente, outra língua, outros costumes e até outra religião.
Uma das características dos recém chegados, de origem alemã, era o espírito associativo. O lazer o canto, a música ocupavam parte considerável do tempo dos imigrantes, tanto que a hausmusik (música em família), passou a ocupar estaco na igreja, comunidade e sociedades. Desses grupos surgiram os sängervereine (sociedades de cantores ou pequenas orquestras).
Mas havia três tipos de sociedades que marcaram época nas comunidades germânicas: sociedades de cantores (sängervereine), sociedades ginásticas (turnvereine) e sociedades de atiradores (schützenvereine).
Não há cidade de origem alemã no Estado, que não se orgulhe de possuir, ou ter registrado no passado, a existência de uma dessas organizações.
Se encerraram suas atividades, as gerações mais velhas falam com saudade, pois foram sem dúvidas fundamentais para vida associativa do passado. Praticamente as vidas das comunidades giravam em torno delas.
Campo Bom, Sapiranga, Taquara, Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos, Nova Petrópolis, São Sebastião do Caí, Feliz, Montenegro, Lajeado, Estrela, Santa Cruz do Sul, Ijuí, entre outras, onde a imigração alemã foi importante, tiveram ou ainda tem uma ou outra das sociedades citadas.
Na história das localidades alemãs, é de tal profundidade a presença dessas sociedades que a simples palavra “ginástica”, significava pessoas de origem alemã que ali cantavam, faziam ginástica, teatro, dança, jogo de cartas, bolão e tomavam cerveja.
Pela ordem, a imigração alemã vinda para o Brasil entre 1824 - 1858 foi a seguinte:
1824 - São Leopoldo, RS: expedição de colonos trazida pelo major Schaeffer, em 1824, mandados para o Rio Grande do Sul, tendo sido instalados onde hoje são as cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e outras.
1824 - Três Forquilhas, RS: expedição de colonos enviados pelo major Schaeffer, que fundaram a colônia de Três Forquilhas, também no Rio Grande do Sul.
1825 - Torres, RS: provavelmente a última leva que o major Schaeffer trouxe para o Brasil.
1829 - Santo Amaro, SP: alojados na cidade do mesmo nome, no Estado de São Paulo. Esses, na verdade, foram alojados no meio da selva, naquele momento, por exigência dos fazendeiros escravocratas, que não os queriam próximo dos escravos.
1829: Colonos Itapecerica, alojados onde hoje se situa a cidade do mesmo nome, pelos mesmos motivos acima.
1829: Colonos São Pedro de Alcântara. Eram parte de uma expedição destinada ao Rio Grande do Sul, e fundaram a Colônia São Pedro de Alcântara, em Santa Catarina. Mais tarde, em 1846, para ela foram mandados 300 colonos que estavam no Rio de Janeiro, abandonados.
1829 - Itajaí Grande, SC: segunda expedição chegada em Santa Catarina, também parte de uma expedição mandada ao Rio Grande do Sul, que foi alojada na foz do Rio Itajaí, onde foi fundada a cidade com esse nome.
1835 - Itajaí Pequeno, SC: a terceira a desembarcar em Santa Catarina, tendo se alojado na margem do rio Itajaí Pequeno.
1837: Colonos Justini: 283 colonos, que se revoltaram pelas condições de viagem no veleiro francês "Justini", que se destinava a Sydney, Austrália, e desembarcaram no Rio de Janeiro, tendo sido alojados no Caminho das Cabras, na serra da Estrela, em Petrópolis.
1839: Companhia de Operários, ou seja, 196 artífices e suas famílias, destinados ao Recife, para remodelar a cidade.
1839: Batalhão de Polícia do Pará, ou seja, 800 soldados mercenários contratados para enfrentar os revoltosos da Cabanada; vitoriosos, transformaram-se no 1o Batalhão de Polícia do Pará.
1845: Colonos Petrópolis, ou seja, 1.818 colonos alemães que se estabeleceram na fazenda Córrego Seco, de propriedade de D. Pedro II.
1847: Colonos Santa Isabel, no Espírito Santo, alojados em condições tão terríveis, que inspiraram a Graça Aranha seu romance Canaã.
1847: 80 famílias contratadas pelo Senador Vergueiro, em São Paulo, para trabalhar em sua fazenda, em regime de meação.
1848: Colonos Macaé (os sobreviventes de 600 famílias importadas pelo governo da província do Rio de Janeiro, abandonadas em Niterói, que foram alojados em Macaé).
1848: Colonos Valão dos Veados (outra parte desses mesmos sobreviventes de 22, que foram alojados na localidade de Valão dos Veados.
1848: Colonos Leopoldina: mais colonos que chegaram no interior de Santa Catarina, onde fundaram a Colônia Leopoldina.
1849: Colonos Santa Cruz: contratados pelo governo imperial, fundaram a colônia Santa Cruz, no interior do então São Pedro do Rio Grande do Sul.
1850: Colonos Blumenau (Colônia São Paulo de Blumenau, fundada por Hermann Bruno Otto Blumenau)
1851: Colonos Dona Francisca (em terras pertencentes a irmã do imperador, Dona Francisca, esta contratou a Sociedade Colonizadora Hamburguesa para colonizar a área, na divisa do Paraná com Santa Catarina. Das diversas cidades que resultaram desse empreendimento, a mais importante foi Joinville).
1851: Tropa Mercenária (tropa de 1.800 homens, com 80 oficiais, que se compunha de um batalhão de infantaria com seis companhias, um grupo de artilharia com quatro baterias e duas companhias de sapadores, contratada do norte da Alemanha pelo governo imperial para combater Manoel Rosas, sob o comando do então Conde de Caxias, que se fixaram no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, após terminada a missão).
1852: Colonos de fazendas (na Fazenda Santa Rosa, do Barão de Baependi, 132 colonos; para a Fazenda Independência, de Nicolau A. N. da Gama, vieram 172. A Fazenda Santa Justa, de Brás Carneiro Belens, ficou com 155 colonos. Destinaram 143 para a Fazenda Coroas, de M.N. Valença. Para a fazenda Martim de Sá, de João Cardoso de Meneses, 67). Em 1861, na inauguração da estrada de rodagem União Indústria, todos eles vieram para Juiz de fora.
1855: Colonos Rio Novo (quando chegaram à província do Espírito Santo, foram alojados nas selvas do Rio Novo, onde muitos foram trucidados pelos índios ou pelas feras.
1856: Colonos Santa Leopoldina (compostos por colonos alemães e suíços, no Espírito Santo) - resultaram nas colônias de Jequitibá, Santa Maria, Campinho, Califórnia, Santa Joana, Santa Cruz e 25 de Julho.
1856: Colonos Mucuri (contratados por Teófilo Ottoni, chegaram em Nova Filadélfia, no Vale do Mucuri, os primeiros colonos alemães para Minas Gerais). Maria Procópio havia trazido, em 1856, cerca de 250 alemães, especialistas em pontes de ferro, mecânica, carpintaria, ferraria, construção; em 1858, trouxe mais 508 mulheres e 636 homens, incluindo crianças e bebês. Desses últimos, 641 eram católicos e 503, luteranos.
1857: Colônia Santo Ângelo, chegaram em 01 Novembro 1857 as primeiras famílias, a maioria prussiana, que se estabeleceram na região do hoje município de Agudo, RS.
Colonos de D. Pedro II: diz respeito a Mariano Procópio e à história de Juiz de Fora. O primeiro embarque aconteceu na barca Teel, que saiu da Alemanha em 21 de abril de 1858, com 232 colonos (116 homens e 116 mulheres; do total, 145 protestantes e 87 católicos ) para a Companhia União e Indústria, tendo chegado ao Rio em 24 de maio. O segundo aconteceu em 25 de junho de 1858, também no Rio, com a barca Rhein: 182 colonos de ambos os sexos. O terceiro desembarque no Rio ocorreu em 25 de julho de 1858, trazendo 285 colonos na barca Gundela. O quarto, em 29 de julho de 1858, trouxe 249 imigrantes, pela barca Gessner. O quinto e último foi pela barca Osnabrück, que chegou em 3 de agosto de 1858, com 215 colonos.
Obelisco comemorativo ao 1o. centenário da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Praça Mena Barreto, em Estrela-RS
DISCURSO PROFERIDO PELO PROF. LEO JOAS POR OCASIÃO DAS FESTIVIDADES ALUSIVAS AO PRIMEIRO CENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO RIO GRANDE DO SUL.
LOCAL: PRAÇA MENA BARRETO. ESTRELA-RS, em julho de 1924.
Brasilianische Frauen und Mitbürger!
Deutsche Volksgenossen!
Liebe Jugend!
Der 25.Juli, der Jahrestag der deutschen Einwanderung, von unseres Staatsregieung unter seiner Excellenz General Flores da Cunha zum Staatsfeiertag erhoben, hat uns heute hier vereinigt, Jung und Alt, Brasilianer, Volksdeutsche und Reichsdeutsche, ohne Unterschied des Standes oder der Konfession.
Alle wollen wir diesen Tag feiern als den höchsten Ehrentag der
Deutschstämmigen dieses Landes.
In Dankbarkeit gedenken wir jener Vorfahren, die einst vor über
100 Jahren als erste Deutsche hier in Rio Grande do Sul, am Ufer des Rio dos Sinos, mit ungeheurer Ausdauer, zäher Verbissenheit, aber auch felsenfestem Gott- und Selbstvertrauen ans Werk gingen um aus Urwald und Wildnis eine Heimat zu schaffen für sich und für uns.
Und wenn wir heute die deutsche Kolonisation als einen Hauptfaktor in der Entwicklung Brasiliens preisen hören aus dem Munde berufener Staatsmänner und Schriftsteller dieses Landes, dann schlagen unsere Herzen höher, dann fließt unser Blut schneller in dem berechtigten Stolz auf die großen Leistungen deutschen Fleißes, deutsher Tatkraft, deutschen Wissens und Könnens.
Der Segen 100-jähriger deutscher Arbeit liegt aber auch für jeden der sehen will, sichtbar ausgebreitet in Stadt und Land.
Ist heute Handel, Industrie, Landwirtschaft, Viehzucht in ihrer volkswirtschaftlichen Bedeutung für das Blühen und Gedeihen dieses Landes noch denkbar ohne den gewaltigen Anteil, den die deutsche Mitarbeit an ihnen hat?
Freundliche Häuser, stattliche Kirchen, Schulen und Vereinshäuser, bestellte Plantagen, grosse Geschäftshäuser, Werkstätten und Kontore, rauchende Schornsteine der Fabriken, sie alle sind Zeugniss deutschen Fleißes, deutscher Tatkraft und deutscher Tüchtigkeit.
Zeugen der Tat für Ordnung und Fortschritt.
Wenn wir deshalb heute am Ehrenmal der deutschen Einwanderung einen Kranz niederlegen, so tun wir es in dankbarem Gedenken an die Väter, die die deutsche Arbeit hier begonnen und die nächsten Generationen, die das begonnene Werk fortsetzten.
Nun liegt es an uns, uns der Väter würdig zu zeigen; das Heiligste Vermächtnis das uns unsere Väter hinterlassen haben, unser deutsches Volkstum, unsere deutsche Eigenart zu erhalten und zu fördern.
Geben wir dies auf, so geben wir uns selbst auf.
Es ist Verrat am eigenen Blut, und Verrat am eigenen Blut rächt Sich am eigenen Blut.
Nichts is so wahr wie dieses Wort.
Wie mancher macht sich einmal später bittere Vorwürfe, dass er das teure Vermächtnis und Erbe seiner Eltern, seine deutsche Muttersprache nicht sich und seinen Kindern erhalten hat. Vielleicht werden seine Kinder einmal seine Ankläger sein, weil er sie um das Wertvollste betrogen hat.
Ihr Väter und Mütter deutschen Stammes, gebt euren Kindern das heilligste Gut das ihr habt.
Lasst eure Kinder deutsch zu ihrem Herrgott beten, sprecht deutsch mit ihnen am Familientisch.
Eine selbsverständliche Pflicht ist jedoch die Beherrschung der Landessprache.
Das schließt aber nicht aus, dass wir unsere Muttersprache hoch
halten.
Die Kenntnis zweier Sprachen ist für den einzelnen ein Vorteil für Leben und Beruf.
Die deutsche Sprache vermittelt uns ein Volksgut, das in über 100 Jahren in stärkster Weise zum Aufbau und zur geistigen und kulturellen Entwicklung dieses Landes beigetragen hat.
Deshalb müsste und wird auch unsere Regierung es sich angelegen sein lassen, uns dieses Gut zu erhalten.
Hat doch schon vor ein paar Jahren in Porto Alegre ein hoher brasilianischer Staatsmann vor tausenden von Deutschstämmigen die Worte gesprochen: - “Bleibt das, was ihr seid!” Und das wollen wir.
Wir wollen es nicht verantworten, deutsche Sprache und mit ihr deutsche Art und Sitte von uns abzutun um damit wertlose Bürger zu werden, die Brasilien nicht nützen.
Wir wollen festhalten an unserer Muttersprache, damit die Väter nicht im Grabe sich um die Enkel grämen.
Und wenn uns dann einmal die Arbeit aus den Händen genommen wird, wenn wir uns versammeln mussen zu unseren Vätern, dann wollen wir ihnen sagen können: Wir haben Euer Erbe in Treue bewahrt und es weitergegeben den Enkeln in gute Hut.
So meine lieben Volksgenossen, lasst uns feiern diesen Tag, den Vätern zur Ehr, uns zur Wehr und den Enkeln zu Lehr.
HEIL!
TRADUÇÃO
Mulheres brasileiras e concidadãos !
Camaradas do povo alemão !
Querida Juventude !
O dia 25 de Julho é a data que cada ano lembra a imigração alemã. Esta data foi instituída solenemente como feriado estadual durante o governo de sua excelência, o General Flores da Cunha. Assim este feriado nos reúne hoje todos aqui: Jovens e velhos, brasileiros de descendência alemã e alemães do reino alemão, sem diferença entre as diversas posições sociais ou religiosas.
Vamos todos celebrar este dia como sendo o maior dia de homenagem aos alemães neste país.
Com gratidão nos lembramos de nossos antepassados que um dia, há 100 anos passados vieram da Alemanha para o Rio Grande do Sul, sendo assim os primeiros alemães que chegaram às margens do Rio dos Sinos. Aqui se instalaram e agiram com uma incrível tenacidade e perseverança . Mas também com uma fé inabalável em Deus e com uma firme confiança em si mesmos iniciaram a dura tarefa , de transformar a mata virgem e o agreste selvagem em uma pátria para si e para nós.
Se nós hoje ouvimos da boca de políticos e escritores famosos deste país, exaltarem a colonização alemã como um fator principal para o desenvolvimento do Brasil, então isto deixa os nossos corações mais alegres. Nosso sangue circula mais rápido, lembrando com justo orgulho o sucesso dos esforços alemães , atividades permanentes e eficazes , sua sabedoria e seu conhecimento operacional.
Para cada um que quiser ver, aí está a benção que paira sobre o trabalho alemão realizado, visível sobre a cidade e país.
Será que hoje ainda podemos nos imaginar o crescimento e desenvolvimento deste país, sem lembrar que a população alemã tem uma grande participação neste progresso ? O comércio, a indústria, a agricultura e a criação de gado foram significativas para o crescimento desta economia.
Casas acolhedoras, igrejas majestosas, escolas e clubes de recreação, terras plantadas, grandes casas comerciais e escritórios, chaminés de fábricas expelindo fumaça, estes todos são testemunhos do esforço , realização e da capacidade alemã.
São testemunhas de ação e de ordem para o progresso.
Por isto, se nós hoje vamos depositar uma coroa no Monumento da Imigração Alemã, fazemos isto em grata lembrança à nossos pais que começaram este trabalho aqui. Também o fazemos para as próximas gerações que darão continuidade a esta tarefa.
Agora caberá a nós , nos mostrar dignos deste legado que recebemos dos nossos pais, o que eles de mais sagrado tinham: nosso jeito der ser alemão, nossa maneira de conservar e promover estas propriedades.
Perdendo esta meta de vista, perderemos a nós mesmos.. Cometeríamos traição contra o próprio sangue, e esta traição se vinga no próprio sangue.
Nada é mais verdadeiro do que esta palavra...
Muitos talvez um dia , se farão amargas acusações que eles não tenham transmitido a seus filhos o legado recebido de seus pais : a língua materna alemã. Talvez os acusadores serão os seus próprios filhos, por terem sido traídos pelos pais.
Pais e mães do povo alemão : " Dai à vossos filhos o bem mais precioso que vocês tem.
Ensinem seus filhos a rezar para Deus em língua alemã e conversem durante as refeições em família em alemão com eles.
Porém, é um dever óbvio, que cada um saiba dominar a língua paterna do país. Isto porém, não exclui que não se possa falar e lembrar sempre também a língua materna.
A língua alemã nos transmite um legado precioso que durante 100 anos contribuiu de maneira extraordinária para o crescimento cultural e espiritual deste país..
Por isto o nosso governo deve e deverá ter um cuidado todo especial em manter este bem cultural. Pois já em Porto Alegre, há alguns anos, um renomado político brasileiro falou as seguintes palavras frente uma multidão de mais mil pessoas de descendência alemã: Fiquem sempre o que vocês são.... E isto queremos sempre ser....
Não nos queremos responsabilizar em perder nossos costumes, a língua alemã e nosso jeito der ser., pois assim nos tornaríamos cidadãos sem referências que em nada serviriam ao Brasil..
Queremos nos apegar a nossa língua materna para que os nossos pais descansem em paz nos seus túmulos.
Quando o trabalho um dia será tomado de nossas mãos, quando nos vamos reunir com os nossos pais, então nós vamos poder dizer a eles: " Nós cuidamos verdadeiramente da herança deixada a nós. Passamos esta herança adiante para as mãos dos netos e está bem cuidada."
Assim, meus queridos compatriotas, vamos festejar este dia:
"Para honra dos pais,
a nós como defesa
a aos nossos filhos, como ensino. "
SALVE !
Leo Joas, nasceu em Walkertshofen na Baviera, Alemanha em 1895.
Em1922, formou-se em Educação Física em Mindelheim.
Veio para Estrela em 1923 recrutado pelo Prof. Georg Black a pedido da Sociedade Ginástica de Estrela, onde exerceu suas
atividades até 1943. Faleceu em 1949 em Estrela.
Pesquisa - Airton Engster dos Santos
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Vale do Taquari
Pesquisa - Airton Engster dos Santos
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Vale do Taquari
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